quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

2º Trabalho - Teatro Realista - Mariana Alves Pereira

Realismo

Na segunda metade do século XIX, o melodrama burguês rompe com o idealismo romântico e dá preferência a histórias contemporâneas, com problemas reais de personagens comuns. A partir de 1870, por influência do naturalismo, que vê o homem como fruto das pressões biológicas e sociais, os dramaturgos mostram personagens condicionados pela hereditariedade e pelo meio.
Autores realistas - Numa fase de transição, ''Tosca'', de Victorien Sardou, ''O copo d'água'', de Eugène Scribe, ou ''A dama das camélias''
(É de cunho autobiográfico pois se inspirou em seu relacionamento com uma cortesã e ele próprio era filho ilegítimo de Alexandre Dumas), de Alexandre Dumas Filho, já têm ambientação moderna. Mas os personagens ainda têm comportamento tipicamente romântico. Na fase claramente realista o dinamarquês Henryk Ibsen discute a situação social da mulher ''Casa de bonecas'' (A sociedade da época pregava que a mulher só seria totalmente feliz se tivesse um marido e lhe desse filhos. Nora, a protagonista da história, tenta se libertar disso e percebe que para se conhecer é preciso abandonar não só o marido, como também os filhos), a sordidez dos interesses comerciais, a desonestidade administrativa e a hipocrisia burguesa ''Um inimigo do povo''.
Na Rússia, Nikolai Gogol ''O inspetor geral'' satiriza a corrupção e o emperramento burocrático; Anton Tchekhov ''O jardim das cerejeiras'' e Aleksandr Ostrovski ''A tempestade'' retratam o ambiente provinciano e a passividade dos indivíduos diante da rotina do cotidiano; e em ''Ralé'' e ''Os pequenos burgueses'
(Alguns críticos atuais dizem que essa peça continua com um contexto que não se precisaria mudar uma palavra dela para se aplicar nos dias de hoje. Revela personagens que não conseguem sair do meio mesquinho em que vivem, sendo a impotência, o único plano de ação comum a todos eles), Maksim Gorki (pseudônimo de Aleksei Peshkov) mostra a escória da sociedade, debatendo-se contra a pobreza, e a classe média devorada pelo tédio.
O irlandês William Butler Yeats ''A condessa Kathleen'' faz um teatro nacionalista impregnado de folclore; seu compatriota Oscar Wilde ''O leque de lady Windermere'' retrata a elegância e a superficialidade da sociedade vitoriana; e George Bernard Shaw ''Pigmalião'', ''O dilema do médico'' traça um perfil mordaz de seus contemporâneos.
Henryk Ibsen (1828-1906) nasce na Noruega, filho de um comerciante falido, estuda sozinho para ter acesso à universidade. Dirige o Teatro Norueguês de Kristiania (atual Oslo). Viaja para a Itália com as despesas pagas por uma bolsa e lá escreve três peças que são mal-aceitas na Noruega. Fixa residência em Munique, só voltando ao seu país em 1891. É na Alemanha que escreve ''Casa de bonecas'' e ''Um inimigo do povo''.
Anton Tchekhov (1860-1904) é filho de um quitandeiro. Em 1879, parte para Moscou com uma bolsa de estudos para medicina. Paralelamente, escreve muito. Seus contos mostram o cotidiano do povo russo e estão entre as obras-primas do gênero. Entre suas peças destacam-se ''A gaivota'' e ''O jardim das cerejeiras''. É um inovador do diálogo dramático e retrata o declínio da burguesia russa.
(O “Jardim das Cerejeiras” é o local onde vive uma aristocrática família russa que entra em declínio financeiro. Os atos destes para impedir que o Jardim seja leiloado são mostrados em atos que mostram o desespero e também a passividade frente aos problemas, já que não foram educados para lidar com tais dificuldades. Por outro lado, também se tem vários personagens que visam o problema de maneiras diferentes, são vários os retratos de personagens que mostram muito bem a atmosfera da época.)
Espaço cênico realista - Busca-se uma nova concepção arquitetônica para os teatros, que permita boas condições visuais e acústicas para todo público. O diretor e o encenador adquirem nova dimensão. André Antoine busca uma encenação próxima à vida, ao natural, usando cenários de um realismo extremo
(Para Antoine o cenário devia ser mostrado o mais próximo do real, mostrando mínimos detalhes que ajudariam a levar a platéia para dentro do palco. Foi ele que inventou o conceito de “quarta parede” que significa, que o ator deveria imaginar uma “quarta parede” entre o palco e o público, impedindo assim os olhares entre ambos, para que se tivesse a sensação de que aquilo que era encenado fosse real, como se não houvesse espectadores de uma peça. Esse conceito influencia até hoje o teatro mundial). Na Rússia, o diretor Konstantin Stanislavski cria um novo método de interpretação.
Konstantin Stanislavski (1863-1938), pseudônimo de Konstantin Sergueievitch Alekseiev, nasce em Moscou. Criado no meio artístico, cursa durante um tempo a escola teatral. Passa a dirigir espetáculos e, junto com Nemorovitch-Dantchenko, cria o Teatro de Arte de Moscou, pioneiro na montagem de Tchekhov. Cria um método de interpretação em que o ator deve "viver" o personagem, incorporando de forma consciente sua psicologia. Seu livro ''Preparação de um ator'', é divulgado em todo o mundo e seu método é usado em escolas como o Actor's Studio, fundado nos EUA, na década de 30, por Lee Strasberg.

Fonte: http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/realismo.htm

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