sábado, 1 de dezembro de 2007

Segunda análise - Natália Rodrigues

Retirado de http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/teatro/moderno - Teatro Moderno


Como já foi citado anteriormente (Iniciar um texto com “Como já foi citado anteriormente” soa, no mínimo, inadequado) , o Modernismo abalou as estruturas dos dramaturgos românticos e realistas. No Brasil, a Semana de Arte Moderna (1922) foi duramente criticada por grandes nomes da arte Realista(,) como Machado de Assis e Monteiro Lobato. Machado chegou a afirmar que os modernistas eram formados por uma “paulicéia desvairada”. Já Lobato (,) pôde rever seus conceitos para ingressar posteriormente para o quadro de autores modernistas. (Um autor não é considerado parte de um certo movimento por ‘querer’ ou pelo círculo de amizades que freqüenta, mas por certas características inerentes à sua obra. Também é pouco provável que Monteiro Lobato tenha se redimido de suas críticas pelo simples fato de ser considerado, também, modernista).

Alfred Jarry (1873 – 1907), autor do clássico Ubu Rei(,) foi um dos principais críticos da estética dramática tradicional que romperam com o Realismo, propondo uma revolução artística. Houve muita discussão em torno das concepções modernistas, que visavam estender a arte para toda a sociedade, rejeitando a arte elitista, pois, para os modernistas, a arte era o componente orgânico de coesão social, que despertava interesse no ser humano, promovendo educação e divulgando a cultura de um país. Como a cultura é a representação dos hábitos e costumes de toda a sociedade (na maioria das vezes, a cultura advinda das classes de maior poder aquisitivo acaba por ‘massacrar’ a das classes mais desprovidas. Logo, afirmar que a cultura acaba por representar TODA a sociedade é um equívoco. Ademais, a Semana de 22 buscava a fuga dessa cultura ‘elitista’ e a busca das raízes brasileiras, inegavelmente marginalizadas), nada mais natural do que compartilhar as conseqüências benéficas da arte com todas as pessoas dentro do estado, indiferentemente de classes sociais.

Com ideais inovadores, os textos Modernos buscaram dar mais veracidade às situações, viabilizando o (um) contato maior com o público, principalmente por causa da (termo vicário) verossimilhança das ações dos personagens em relação à sociedade. Não havia mais uma personificação da perfeição (,) trabalhada no realismo, tampouco a visão romanceada dos personagens (,) e sim a deflagração do homem imperfeito, ambíguo, com defeitos e qualidades diversas. Dessa busca incessante pela compreensão dos sentimentos humanos, nasceu o Surrealismo, o Dadaísmo e o Abstracionismo, que culminaram nas maneiras subjetivas de representarem o homem e seu mundo, os pensamentos e as “coisas” inanimadas que cercam os seres humanos, afrontando a razão e colocando-a subordinada à emoção.
Foi no fim da década de vinte que começaram a surgir peças teatrais modernas no Brasil, com peças de Oswald de Andrade e Álvaro Moreyra. Porém, foi com Nelson Rodrigues que o modernismo fincou forte suas raízes na dramaturgia brasileira. Apesar da Semana de Arte Moderna ter sido arquitetada sobre o palco do Teatro Municipal de São Paulo, o teatro brasileiro não havia ainda explorado decentemente o gênero, de forma que, ao público, eram apresentados espetáculos cujos temas desgastavam-se cada vez mais com o passar dos anos. Nelson Rodrigues, em sua excepcional obra Vestido de Noiva, utilizou-se de nova linguagem, abolindo a narrativa realista, cuja estética era de textos com começo, meio e fim, para contar a história de maneira entrecortada e difusa, onde aos poucos é que o espectador vai compreendendo o contexto. Assim, o autor concatena, em três momentos diferentes, três formas de abordagem distintas, que, primeiramente apresenta à fantasia da personagem, para depois mostrar o que aconteceu em seu passado e finalmente o que acontece em seu presente, num contexto todo fragmentado com passagens que falam por si próprias – uma jóia da literatura e dramaturgia nacional! (Muito de Vestido de Noiva deve a Tomás Santa Rosa, cenógrafo paraibano, e seu jogo de luzes. O texto comete, sem dúvidas, um erro crasso ao não citar este aspecto da obra, de larga influência sob o teatro hodierno, bem como a figura de Santa Rosa.)

Apesar do modernismo antagonizar com o naturalismo, tem quem pense (vocabulário baixo, inadequado) que foi nesse gênero que Nelson Rodrigues foi (“foi”, repetição) buscar os detalhes que chocam tanto os (AOS!) que assistem suas peças. Vestido de Noiva é uma obra prima pois, apesar de ser uma obra moderna, possui, em momentos destacados, fortes características expressionistas e realistas. Um outro autor modernista que utilizou-se de expressões extremadas em seus textos, abordando um cotidiano insano, com uma forte crítica à sociedade brasileira, foi o célebre Plínio Marcos, autor de, entre outros clássicos, Dois Perdidos Numa Noite Suja, peça que, em dois atos, aponta os problemas sociais latentes em São Paulo, contando a história de dois homens muito pobres que trabalham e moram juntos, que convivem na base da disputa de status, o que culmina na briga dos dois e na morte de um deles. Assim como Nelson Rodrigues, Plínio Marcos foi buscar no Naturalismo seu contexto chocante, sua visão pessimista a respeito do que assunta em suas peças teatrais, o que muitos condenam, erroneamente(,) como “mau gosto”. Nelson Rodrigues (repetição constante de “Nelson Rodrigues”) foi duramente criticado por apresentar temas proibidos e imorais, por quebrar tabus e abordar assuntos como sexualidade, lenocínio, adultério, etc., mas o que se passa nas entrelinhas de peças teatrais como Engraçadinha e Bonitinha, Mas Ordinária, é um grito em favor da moralidade, uma deflagração da imoralidade humana em prol da conscientização da sociedade. O Teatro Moderno ganha importância nesse aspecto, por expor assuntos polêmicos de maneira aberta, profunda, democrática e com a riqueza de detalhes que permitem o espectador criticar, debater, pensar nas próprias atitudes e posicionar-se diante daquilo que participa e vê. (Apenas neste aspecto?)

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