Segunda Resenha - Daniele Araujo Freitas
Kabuki é uma forma de teatro japonês, conhecida pela estilização do drama e pela elaborada maquiagem usada por seus atores. O significado individual de cada ideograma é canto (ka), dança (bu) e habilidade (ki), e por isso a palavra kabuki é às vezes traduzida como “a arte de cantar e dançar”. Esses ideogramas, entretanto, são o que se chama de ateji (ideogramas usados apenas com sentido fonético) e não refletem a etimologia mesma da palavra. Acredita-se, de fato, que kabuki derive do verbo kabuku, significando aproximadamente “ser fora do comum”, donde se depreende o sentido de teatro de “vanguarda” ou teatro “bizarro”. Sua origem remonta ao início do século XVII, quando se parodiava temas religiosos com danças de ousada sensualidade. No ano de 1629 esse tipo de teatro foi proibido pelo governo. (Seu início remonta a ultima parte do século dezesseis e graças a uma evolução contínua e extensiva foi aperfeiçoado até atingir o atual estado de refinamento clássico. Embora não desfrute do mesmo esplendor de antanho,o teatro Kabuki goza de uma ampla popularidade, atraindo, ainda nos dias de hoje, um grande auditório.Durante o período geralmente chamado de Era Yedo, no curso do qual teve lugar o desenvolvimento do Kabuki, foi observada mais rigidamente a distinção entre casta guerreira e a plebe do que nos noutros tempos da historia japonesa). O espetáculo passou a ser encenado então por rapazes que se vestiam de mulher. Contemporâneamente, o teatro kabuki se tornou um espetáculo popular que combina realismo e formalismo, música e dança, mímica, encenação e figurinos, implicando numa constante integração entre os atores e a platéia. (A arte do Kabuki foi cultivada principalmente pelos mercadores daquela época. Estes se haviam tornado, cada vez mais fortes sob o ponto de vista econômico, mas tiveram de continuar em situação de inferioridade social porque pertenciam à classe plebéia. Para eles, Kabuki foi, quiçá, significante como meio artístico para manifestar suas emoções sujeitas a tais condições. Assim, os temas fundamentais do teatro Kabuki são conflitos entre a humanidade e o sistema feudal. Graças principalmente a esta qualidade humanística, obteve o teatro em questão uma popularidade tão duradoura).
1603-1629: kabuki feminino (onna kabuki)
A história do kabuki começou em 1603, quando Okuni, uma miko (jovem serviçal dos santuários xintoístas) do santuário (taisha) Izumo, passou a executar um novo estilo de dança dramática em Kyoto. Atrizes representavam papéis tanto masculinos quanto femininos em encenações cômicas sobre a vida cotidiana. O estilo conquistou popularidade instantânea; Okuni foi inclusive convidada para se apresentar na Corte Imperial. No despertar de tal sucesso, trupes rivais se formaram rapidamente e o kabuki nasceu como uma dança dramática de conjunto executada por mulheres, uma forma muito diferente de sua representação moderna. Muito do seu apelo era devido às sensuais e sugestivas performances; muitas das atrizes eram também geishas, disponíveis para os membros da platéia que pudessem pagar.
1629-1652: kabuki de rapazes (wakashuu kabuki)
Em 1629, sob o pretexto de proteger a moral pública, o Shōgunato Tokugawa - o governo japonês de então - proibiu as mulheres de representar o kabuki. (Todos os papéis femininos são representados por elementos masculinos conhecidos como "onnagata". Os atores do drama Kabuki, em seu estado primitivo, eram principalmente mulheres, e a maioria dos espectadores naquela época estava realmente mais interessada na beleza das atrizes do que nas suas representações no palco. Com a crescente popularidade do Kabuki, muitas das atrizes começaram a despertar atenção indevida dos admiradores masculinos. As autoridades compreenderam que tal situação acabaria com uma séria desmoralização do público e em 1629 foi oficialmente proibida a apresentação de mulheres em palcos teatrais). Alguns historiadores sugerem que o governo estava também preocupado com a popularidade das peças de kabuki, que dramatizavam a vida comum (em vez do passado heróico) e encenavam escândalos recentes, alguns envolvendo oficiais do governo. Como o kabuki já era muito popular, jovens atores tomaram o lugar das atrizes, depois que estas foram banidas. Junto com a troca do gênero dos atores, veio também uma mudança na ênfase da apresentação: uma importância maior passou a ser dada ao drama, em detrimento da dança. No entanto, as apresentações dos jovens eram igualmente sensuais, e também eles se prostituíam. As platéias frequentemente se tornavam hostis e tumultos irrompiam ocasionalmente, às vezes por causa dos favores de um ou outro jovem ator, particularmente bonito. Isso levou o Shōgunato a proibir também os atores jovens em 1652.
Depois de 1653: kabuki masculino (yarou kabuki)
A partir de 1653, só homens adultos tiveram permissão para encenar o kabuki, que caminhou para uma forma sofisticada e altamente estilizada chamada yaroukabuki (grossomodo: “kabuki de homens”). Esta metamorfose no estilo foi fortemente influenciada pelo teatro cômico kyogen, que era extremamente popular àquela época. Hoje em dia o yarou já está ultrapassado, mas até relativamente pouco tempo todos os papéis nas peças kabuki eram ainda interpretados exclusivamente por homens. Os atores especializados em interpretar papéis femininos são chamados onnagata ou oyama. Um onnagata vem tradicionalmente de uma família de especialistas onnagata. Os dois outros grandes tipos de papéis são aragoto (estilo “rude”) e wagoto (estilo “suave”).
1673-1735: A era Genroku
Durante a era Genroku o kabuki floresceu. A estrutura das peças kabuki foi formalizada nesse período, assim como muitos elementos de estilização. (Importante característica do Kabuki é a de tratar de teatro extenso e acumulativo, reuniu partes de todas as formas teatrais existentes anteriormente no Japão. Entre as partes tradicionais, das quais Kabuki extraiu técnica e repertórios, se encontram o drama Noh e a peça Kyogen, que é o interlúdio cômico apresentado entre as representações de Noh. Em Kabuki, a importância primordial tem sido colocada no ator antes que em quaisquer outros aspectos da arte, como seja por exemplo, o valor literário de uma peça.). Os tipos convencionais de personagens foram determinados. O teatro kabuki e o ningyô jôruri - forma elaborada de teatro de bonecos que veio a ser conhecida mais tarde como [[bunraku]] - tornaram-se estreitamente associados um com o outro nessa época e desde então têm-se influenciado mutuamente em seus desenvolvimentos. O famoso dramaturgo Chikamatsu Monzaemon ("Shakespeare do Japão"), um dos primeiros a escrever textos dramáticos de kabuki profissionalmente, produziu muitos trabalhos influentes, embora a peça tida como mais significativa de sua obra, Sonezaki Shinju (Os suicídios de amor em Sonezaki), tenha sido originalmente escrita para bunraku. Como muitas outras peças de bunraku, entretanto, essa foi adaptada para kabuki e inspirou muitos “imitadores”: de fato, conta-se que essa e outras peças similares causaram tantos casos reais de suicídio copiados do drama, que o governo proibiu as shinju mono (peças sobre suicídio duplo de amantes - aliás, curiosa semelhança com Romeu e Julieta) em 1723. Ichikawa Danjuro nono também viveu nessa época. A ele se atribui o desenvolvimento das poses mie e da maquiagem kumadori, que simulava máscaras. Em meados do século XVIII o kabuki perdeu temporariamente a preferência do público das classes mais baixas em favor do bunraku. Isso aconteceu em parte por causa da emergência de muitos bons dramaturgos de bunraku na época.. Nada digno de nota aconteceu no desenvolvimento do kabuki, até o fim do século, quando a forma voltou a emergir.
Elementos do kabuki
Hanamichi (lit. "caminho florido") é uma seção extra usada no palco do kabuki. Consiste numa plataforma comprida e elevada, à esquerda do centro, que leva do fundo do teatro, pelo meio da platéia, até o palco principal. Geralmente é usada para entrada e saída de personagens, embora possa também servir para solilóquios e cenas paralelas à ação principal. O hanamichi foi usado pela primeira vez em 1668 no Kawarazakiza, na forma de um palanque de madeira simples, que não era usado na encenação mas que permitia que os atores fossem até a platéia para receber flores. O estilo moderno de hanamichi, às vezes chamado honhanamichi (“caminho das flores principal”), tem dimensões padronizadas e foi concebido originalmente em 1740. Alguns teatros começaram a fazer uso de um hanamichi secundário, no lado esquerdo da platéia, com metade da largura do honhanamichi à esquerda. Embora seja raramente usado para as ações principais de uma peça, muitos dos mais dramáticos ou famosos momentos dos personagens ocorrem durante durante as entradas ou saídas pelo hanamichi, e uma vez que ele atravessa a platéia, isso proporciona ao espectador uma experiência mais íntima do que a que normalmente ocorre em outras formas de teatro tradicional. Os palcos e teatros de kabuki tornaram-se mais tecnologicamente sofisticados. Inovações como palco giratório e cortinas, introduzidas no século XVIII, incrementaram bastante a cenografia dos espetáculos de kabuki.
No kabuki, como em alguns outros gêneros de artes cênicas japonesas, as trocas de cenário são feitas no meio da cena, com os atores no palco e as cortinas abertas. Contra-regras correm pelo palco colocando e tirando as peças de cenário; esses contra-regras, conhecidos como kuroko, vestem-se sempre de preto e são tradicionalmente considerados “invisíveis”.
Há três categorias principais de peças kabuki: jidai-mono (peças “históricas” ou anteriores ao período Sengoku) (Estas peças retratam fatos históricos ou narrações atuais e dramatizadas de guerreiros ou nobres. Muitas delas são tragédias, desafogadas somente por lampejos momentâneos de comédia. Muitos textos são derivados de "bunraku", ou peças teatrais de marionetes, e amiúde invocam os heróis a fazer os maiores sacrifícios possíveis. Por exemplo, "CHUSHINGURA", que é uma das mais famosas representações de Kabuki, e é adaptado de uma peça de "bunraku", conta a célebre história de quarenta e sete cavalheiros disfarçados. Estes homens vingaram-se do forçado sacrifício pessoal de seu senhor e, em desespero, cumprida sua missão, todos foram também competidos a suicidar-se praticando o "hara-kiri".) sewa-mono (“domésticas” ou pós-Sengoku) (Estas peças descrevem invariavelmente a vida da classe plebéia. O centro de atenção é focalizado no povo."KAGOTSURUBE"(A Cortesã) e "TSUBOSAKA-DERA"(Milagre deTsubosaka) são representativos deste grupo de peças. O drama doméstico é essencialmente uma história realista. Sem embargo, não é raro que peças deste tipo apresentem cenas onde a atuação e encenação se tornam irreais, com ênfase colocado sobre aspectos superficiais como elocução e cores esplêndidas, relegado-se a plano secundário elementos internos como a consistência lógica do enredo.) e shosagoto (peças de dança). São características importantes do kabuki: Os mie e a maquiagem. Os mie são poses pitorescas que o ator sustenta para compor seu personagem. Mie significa ‘aparência’ ou ‘visível’, em japonês. É um momento em que o ator pára congelado numa pose. O propósito é expressar o auge das emoções de um personagem. Os olhos do ator se abrem o máximo possível; se o personagem tiver que parecer agitado ou nervoso o ator chega a ficar zarolho. A maquiagem (ou keshô) é um elemento do estilo facilmente reconhecível, mesmo por quem não está familiarizado com esta forma de arte. O pó-de-arroz é usado para criar a base branca oshiroi. O kumadori acentua ou exagera as linhas faciais para produzir as máscaras dramáticas usadas pelos atores, de expressões sobrenaturais ou animalescas.
Texto retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Kabuki
Kabuki é uma forma de teatro japonês, conhecida pela estilização do drama e pela elaborada maquiagem usada por seus atores. O significado individual de cada ideograma é canto (ka), dança (bu) e habilidade (ki), e por isso a palavra kabuki é às vezes traduzida como “a arte de cantar e dançar”. Esses ideogramas, entretanto, são o que se chama de ateji (ideogramas usados apenas com sentido fonético) e não refletem a etimologia mesma da palavra. Acredita-se, de fato, que kabuki derive do verbo kabuku, significando aproximadamente “ser fora do comum”, donde se depreende o sentido de teatro de “vanguarda” ou teatro “bizarro”. Sua origem remonta ao início do século XVII, quando se parodiava temas religiosos com danças de ousada sensualidade. No ano de 1629 esse tipo de teatro foi proibido pelo governo. (Seu início remonta a ultima parte do século dezesseis e graças a uma evolução contínua e extensiva foi aperfeiçoado até atingir o atual estado de refinamento clássico. Embora não desfrute do mesmo esplendor de antanho,o teatro Kabuki goza de uma ampla popularidade, atraindo, ainda nos dias de hoje, um grande auditório.Durante o período geralmente chamado de Era Yedo, no curso do qual teve lugar o desenvolvimento do Kabuki, foi observada mais rigidamente a distinção entre casta guerreira e a plebe do que nos noutros tempos da historia japonesa). O espetáculo passou a ser encenado então por rapazes que se vestiam de mulher. Contemporâneamente, o teatro kabuki se tornou um espetáculo popular que combina realismo e formalismo, música e dança, mímica, encenação e figurinos, implicando numa constante integração entre os atores e a platéia. (A arte do Kabuki foi cultivada principalmente pelos mercadores daquela época. Estes se haviam tornado, cada vez mais fortes sob o ponto de vista econômico, mas tiveram de continuar em situação de inferioridade social porque pertenciam à classe plebéia. Para eles, Kabuki foi, quiçá, significante como meio artístico para manifestar suas emoções sujeitas a tais condições. Assim, os temas fundamentais do teatro Kabuki são conflitos entre a humanidade e o sistema feudal. Graças principalmente a esta qualidade humanística, obteve o teatro em questão uma popularidade tão duradoura).
1603-1629: kabuki feminino (onna kabuki)
A história do kabuki começou em 1603, quando Okuni, uma miko (jovem serviçal dos santuários xintoístas) do santuário (taisha) Izumo, passou a executar um novo estilo de dança dramática em Kyoto. Atrizes representavam papéis tanto masculinos quanto femininos em encenações cômicas sobre a vida cotidiana. O estilo conquistou popularidade instantânea; Okuni foi inclusive convidada para se apresentar na Corte Imperial. No despertar de tal sucesso, trupes rivais se formaram rapidamente e o kabuki nasceu como uma dança dramática de conjunto executada por mulheres, uma forma muito diferente de sua representação moderna. Muito do seu apelo era devido às sensuais e sugestivas performances; muitas das atrizes eram também geishas, disponíveis para os membros da platéia que pudessem pagar.
1629-1652: kabuki de rapazes (wakashuu kabuki)
Em 1629, sob o pretexto de proteger a moral pública, o Shōgunato Tokugawa - o governo japonês de então - proibiu as mulheres de representar o kabuki. (Todos os papéis femininos são representados por elementos masculinos conhecidos como "onnagata". Os atores do drama Kabuki, em seu estado primitivo, eram principalmente mulheres, e a maioria dos espectadores naquela época estava realmente mais interessada na beleza das atrizes do que nas suas representações no palco. Com a crescente popularidade do Kabuki, muitas das atrizes começaram a despertar atenção indevida dos admiradores masculinos. As autoridades compreenderam que tal situação acabaria com uma séria desmoralização do público e em 1629 foi oficialmente proibida a apresentação de mulheres em palcos teatrais). Alguns historiadores sugerem que o governo estava também preocupado com a popularidade das peças de kabuki, que dramatizavam a vida comum (em vez do passado heróico) e encenavam escândalos recentes, alguns envolvendo oficiais do governo. Como o kabuki já era muito popular, jovens atores tomaram o lugar das atrizes, depois que estas foram banidas. Junto com a troca do gênero dos atores, veio também uma mudança na ênfase da apresentação: uma importância maior passou a ser dada ao drama, em detrimento da dança. No entanto, as apresentações dos jovens eram igualmente sensuais, e também eles se prostituíam. As platéias frequentemente se tornavam hostis e tumultos irrompiam ocasionalmente, às vezes por causa dos favores de um ou outro jovem ator, particularmente bonito. Isso levou o Shōgunato a proibir também os atores jovens em 1652.
Depois de 1653: kabuki masculino (yarou kabuki)
A partir de 1653, só homens adultos tiveram permissão para encenar o kabuki, que caminhou para uma forma sofisticada e altamente estilizada chamada yaroukabuki (grossomodo: “kabuki de homens”). Esta metamorfose no estilo foi fortemente influenciada pelo teatro cômico kyogen, que era extremamente popular àquela época. Hoje em dia o yarou já está ultrapassado, mas até relativamente pouco tempo todos os papéis nas peças kabuki eram ainda interpretados exclusivamente por homens. Os atores especializados em interpretar papéis femininos são chamados onnagata ou oyama. Um onnagata vem tradicionalmente de uma família de especialistas onnagata. Os dois outros grandes tipos de papéis são aragoto (estilo “rude”) e wagoto (estilo “suave”).
1673-1735: A era Genroku
Durante a era Genroku o kabuki floresceu. A estrutura das peças kabuki foi formalizada nesse período, assim como muitos elementos de estilização. (Importante característica do Kabuki é a de tratar de teatro extenso e acumulativo, reuniu partes de todas as formas teatrais existentes anteriormente no Japão. Entre as partes tradicionais, das quais Kabuki extraiu técnica e repertórios, se encontram o drama Noh e a peça Kyogen, que é o interlúdio cômico apresentado entre as representações de Noh. Em Kabuki, a importância primordial tem sido colocada no ator antes que em quaisquer outros aspectos da arte, como seja por exemplo, o valor literário de uma peça.). Os tipos convencionais de personagens foram determinados. O teatro kabuki e o ningyô jôruri - forma elaborada de teatro de bonecos que veio a ser conhecida mais tarde como [[bunraku]] - tornaram-se estreitamente associados um com o outro nessa época e desde então têm-se influenciado mutuamente em seus desenvolvimentos. O famoso dramaturgo Chikamatsu Monzaemon ("Shakespeare do Japão"), um dos primeiros a escrever textos dramáticos de kabuki profissionalmente, produziu muitos trabalhos influentes, embora a peça tida como mais significativa de sua obra, Sonezaki Shinju (Os suicídios de amor em Sonezaki), tenha sido originalmente escrita para bunraku. Como muitas outras peças de bunraku, entretanto, essa foi adaptada para kabuki e inspirou muitos “imitadores”: de fato, conta-se que essa e outras peças similares causaram tantos casos reais de suicídio copiados do drama, que o governo proibiu as shinju mono (peças sobre suicídio duplo de amantes - aliás, curiosa semelhança com Romeu e Julieta) em 1723. Ichikawa Danjuro nono também viveu nessa época. A ele se atribui o desenvolvimento das poses mie e da maquiagem kumadori, que simulava máscaras. Em meados do século XVIII o kabuki perdeu temporariamente a preferência do público das classes mais baixas em favor do bunraku. Isso aconteceu em parte por causa da emergência de muitos bons dramaturgos de bunraku na época.. Nada digno de nota aconteceu no desenvolvimento do kabuki, até o fim do século, quando a forma voltou a emergir.
Elementos do kabuki
Hanamichi (lit. "caminho florido") é uma seção extra usada no palco do kabuki. Consiste numa plataforma comprida e elevada, à esquerda do centro, que leva do fundo do teatro, pelo meio da platéia, até o palco principal. Geralmente é usada para entrada e saída de personagens, embora possa também servir para solilóquios e cenas paralelas à ação principal. O hanamichi foi usado pela primeira vez em 1668 no Kawarazakiza, na forma de um palanque de madeira simples, que não era usado na encenação mas que permitia que os atores fossem até a platéia para receber flores. O estilo moderno de hanamichi, às vezes chamado honhanamichi (“caminho das flores principal”), tem dimensões padronizadas e foi concebido originalmente em 1740. Alguns teatros começaram a fazer uso de um hanamichi secundário, no lado esquerdo da platéia, com metade da largura do honhanamichi à esquerda. Embora seja raramente usado para as ações principais de uma peça, muitos dos mais dramáticos ou famosos momentos dos personagens ocorrem durante durante as entradas ou saídas pelo hanamichi, e uma vez que ele atravessa a platéia, isso proporciona ao espectador uma experiência mais íntima do que a que normalmente ocorre em outras formas de teatro tradicional. Os palcos e teatros de kabuki tornaram-se mais tecnologicamente sofisticados. Inovações como palco giratório e cortinas, introduzidas no século XVIII, incrementaram bastante a cenografia dos espetáculos de kabuki.
No kabuki, como em alguns outros gêneros de artes cênicas japonesas, as trocas de cenário são feitas no meio da cena, com os atores no palco e as cortinas abertas. Contra-regras correm pelo palco colocando e tirando as peças de cenário; esses contra-regras, conhecidos como kuroko, vestem-se sempre de preto e são tradicionalmente considerados “invisíveis”.
Há três categorias principais de peças kabuki: jidai-mono (peças “históricas” ou anteriores ao período Sengoku) (Estas peças retratam fatos históricos ou narrações atuais e dramatizadas de guerreiros ou nobres. Muitas delas são tragédias, desafogadas somente por lampejos momentâneos de comédia. Muitos textos são derivados de "bunraku", ou peças teatrais de marionetes, e amiúde invocam os heróis a fazer os maiores sacrifícios possíveis. Por exemplo, "CHUSHINGURA", que é uma das mais famosas representações de Kabuki, e é adaptado de uma peça de "bunraku", conta a célebre história de quarenta e sete cavalheiros disfarçados. Estes homens vingaram-se do forçado sacrifício pessoal de seu senhor e, em desespero, cumprida sua missão, todos foram também competidos a suicidar-se praticando o "hara-kiri".) sewa-mono (“domésticas” ou pós-Sengoku) (Estas peças descrevem invariavelmente a vida da classe plebéia. O centro de atenção é focalizado no povo."KAGOTSURUBE"(A Cortesã) e "TSUBOSAKA-DERA"(Milagre deTsubosaka) são representativos deste grupo de peças. O drama doméstico é essencialmente uma história realista. Sem embargo, não é raro que peças deste tipo apresentem cenas onde a atuação e encenação se tornam irreais, com ênfase colocado sobre aspectos superficiais como elocução e cores esplêndidas, relegado-se a plano secundário elementos internos como a consistência lógica do enredo.) e shosagoto (peças de dança). São características importantes do kabuki: Os mie e a maquiagem. Os mie são poses pitorescas que o ator sustenta para compor seu personagem. Mie significa ‘aparência’ ou ‘visível’, em japonês. É um momento em que o ator pára congelado numa pose. O propósito é expressar o auge das emoções de um personagem. Os olhos do ator se abrem o máximo possível; se o personagem tiver que parecer agitado ou nervoso o ator chega a ficar zarolho. A maquiagem (ou keshô) é um elemento do estilo facilmente reconhecível, mesmo por quem não está familiarizado com esta forma de arte. O pó-de-arroz é usado para criar a base branca oshiroi. O kumadori acentua ou exagera as linhas faciais para produzir as máscaras dramáticas usadas pelos atores, de expressões sobrenaturais ou animalescas.
Texto retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Kabuki
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