terça-feira, 16 de outubro de 2007

Resenha de Christiana Falabella

Comédia Dell'Arte

Do site http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/comedia_dell.htm


Forma teatral única no mundo, desenvolveu-se na Itália no XVI século e difundiu-se em toda Europa nos séculos sucessivos, a Commedia dell’arte contribuiu na construção do teatro moderno. [O autor poderia abster-se de tecer tal comentário, já que é óbvio que toda manifestação artística marcante acaba contribuindo com as que a seguem de uma maneira ou de outra.]
Teatro espetacular baseado na improvisação e no uso de máscaras e personagens estereotipados, é um gênero rigorosamente antinaturalista e anti-emocionalista. O que mais atrai o olhar contemporâneo nas leituras dos canovacci da commedia dell’arte, é a inconsistência deles no que se refere ao conteúdo. [Tachar qualquer tipo de teatro, a arte de expressar histórias e emoções ao público, como anti-emocionalista é, no mínimo, ignorância. Além disso, embora a Comedia Dell’Arte se caracterize pelo improviso e pela interpretação de personagens fixos, seu conteúdo não pode ser chamado de inconsistente.]
Sendo a comédia um espetáculo ligado fortemente à outros valores como as máscaras, a espetacularidade da recitação, habilidade dos atores, a presença da mulheres na cena, etc..., não tinha necessidade de compor dramaturgias exemplares, novidades de conteúdos ou estilos. [apesar do período mal-construído, está correto, os enredos não possuíam muito drama ou profundidade nesse tipo de teatro.]
Na sua fase áurea, o espetáculo da commedia dell’arte tinha ordinariamente três atos, precedidos de um prólogo e ligados entre si por entreatos de dança, canto ou farsa chamados lazzi ou lacci (laços).
A intriga amorosa, que explorou sem limites, já não era linear e única, como na comédia humanista, mas múltipla e paralela ou em cadeia: A ama B, B ama C, C ama D, que por sua vez ama A. [é importante citar os conhecidos personagens Pierrô, Arlequim e Colombina, que viviam um triângulo amoroso sem fim e ficaram famosos no Brasil ao serem incorporados ao nosso carnaval através de imigrantes.] O ator na commedia dell’arte, tinha um papel fundamental cabendo-lhe não só a interpretação do texto mas também a continua improvisação e inovação do mesmo. Malabarismo canto e outro feitos eram exigidos continuamente ao ator. [Apesar de ter separado sujeito e verbo por vírgula e ter escrito “outro feitos”, o autor está totalmente correto em relação à dinâmica desse tipo de teatro, e foi importante citar que todas as improvisações cabiam ao ator, e nunca ao diretor.]
O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caraterizava os personagens geralmente de origem popular: os zanni, entre os mais famosos vale a pena citar Arlequim, Pantaleão e Briguela. [além de ter grafado “caracterizava” de forma errônea, ficou no ar a necessidade de frisar que personagens femininos, assim como a Colombina, também usaram máscaras posteriormente, embora fossem anatomicamente diferentes das dos homens.]
A enorme fragmentação e a quantidade de dialetos existentes na Itália do século XVI obrigavam o ator a um forte uso da mímica que tornou-se um dos mais importantes fatores de atuação no espetáculo.
O ator na commedia dell’arte precisava ter "uma concepção plástica do teatro" exigida em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, da acrobacia, consoante as necessidades, assim como o conhecimento de uma verdadeira gramática plástica, além desses dotes do espírito que facilitam qualquer improvisação falada e que comandam o espetáculo. [Embora tudo esteja correto, o autor entra em contradição com o que disse no início do texto, com “a commedia dell’arte é um gênero anti-emocional e estereotipado”]
A enorme responsabilidade que tinha o ator em desenvolver o seu papel, com o passar do tempo, portou à uma especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver uma só personagem e a mantê-la até a morte.
A continua busca de uma linguagem puramente teatral levou o gênero a um distanciamento cada vez maior da realidade. [Embora não seja totalmente mentira, os atores na verdade adequavam a realidade do mundo de seus personagens à do mundo em geral, pois é óbvio que ambas estavam totalmente interligadas.]
A commedia foi importante sobretudo como reação do ator a uma era de acentuado artificialismo literário, para demonstrar que, além do texto dramático, outros fatores são significativos no teatro. Devido as origens extremamente populares a commedia dell’arte por longo tempo não dispus de espaços próprios para as encenações. Palcos improvisados em praças públicas eram os lugares onde a maioria das vezes ocorria o espetáculo. Só no XVII século e mesmo assim esporadicamente a commedia começou a ter acesso aos teatros que tinham uma estrutura tipicamente renascentista, onde eram representados espetáculos eruditos. [Além do erro crasso em “dispus”, o fato é que foi na época da Commedia que começaram a existir os teatros como espaços físicos que hoje conhecemos, ou seja, embora no início possa ter sido como o autor aponta, ele obviamente não analisou o período como um todo.] Já no século XVIII a enorme popularidade deste tipo de representação forçou a abertura de novos espaços para as companhias teatrais. Em Veneza, por exemplo, existiam sete teatros: dois consagrados à opera séria, dois à opera bufa e três à comédia.

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