Teatro,instrumento que inventa o homem ao representá-lo e que faz da existência uma criação contínua. Teatro é um termo que em sua origem quer dizer lugar onde se vê e que, por extensão, passou a designar igualmente aquilo que se vê. Assim, quando alguém vai ao teatro, quer dizer que pode estar indo tanto a uma casa de espetáculos quanto assistir ao próprio espetáculo que não precisa, como nos tempos mais remotos, de um edifício específico para acontecer, podendo ocorrer em qualquer lugar. Teatro designa, portanto, qualquer espaço social onde, diante de pessoas reunidas acontece uma representação cênica.
Mas, não deixa de ser curioso e significativo que a palavra teatro seja, ainda, no mais das vezes, identificada com um lugar físico, sofisticadamente aparelhado, com um palco frontal a uma platéia onde um público se instala, confortavelmente, para assistir ao "suplício" de um ou mais personagens. Esse teatro, edificado e identificado com o mundo burguês, foi coroado pela perspectiva naturalista. E foi a partir dessa perspectiva - e contra essa perspectiva - que muitos teatros deste século se insurgiram.
De qualquer forma, tanto a designação teatro quanto a designação público não passam abstrações incapazes de traduzir a pluralidade de sentidos que esses termos carregam consigo. No passado, ensina Gerd Borheim, o teatro tinha como propriedade uma certa unidade. Sua linguagem era despida de variações e evoluía muito lentamente. Era uma linguagem partilhada por todos: atores e espectadores. Essa unidade, que configurava as tragédias e as comédias gregas, os mistérios, os milagres e as moralidades medievais, a commedia dell'arte, o teatro barroco, estava em profunda consonância com o mundo onde se originaram e floresceram1.
No mundo moderno, a despeito das mudanças que acompanharam o classicismo, o romantismo, o realismo, pode-se perceber a sobrevivência dessa unidade se investigar o teatro realizado até a metade do século passado, quando o naturalismo colocou o público teatral na "ante-sala" do cinema (e este da televisão).
Esse naturalismo - ainda hoje a essência de muitos teatros - tendo que expurgar o espectador até este se identificar com o que via (o que vê) corresponde à identificação do ator com o seu personagem e do ambiente cenográfico com uma sociedade que, condicionante, transforma seus atores e espectadores em serventes de uma realidade estabelecida (no palco e na vida). Trata-se de um modelo que cria e que é criado de um templo fechado para o qual é transportada uma fatia da realidade; um modelo que ao separar o palco da platéia (dividida de acordo com sua origem social) desdobrou-se em detrimento da própria realidade do teatro que ao se fechar sobre si mesmo buscou e segue buscando produzir nos espectadores a ilusão de que no palco tudo é real, fatal, coerente no espaço e no tempo, dramaticamente progressivo, com começo,meio e fim determinados. Esse teatro, medularmente literário, preso ao texto dramático, é consonante com o mundo que busca reproduzir e denunciar: o mundo burguês, industrial, injusto, contraditório, cruel, caracterizado pela divisão social do trabalho. Essa divisão, que perpassou e perpassa o empreendimento teatral, criando seguidamente novas técnicas e atividades, respondeu pelo aparecimento da figura que, a partir da segunda metade do século XIX, passou a firmar as transformações e inovações operadas no seio das encenações dramáticas: o diretor teatral, o encenador.
Análise Crítica
O texto é algumas vezes apelativo, quando diz que o teatro inventa o homem, como se a vida fosse a imitação da arte, ou quando ressalta a pluralidade de significados de teatro e público. Fazendo uma comparação com o início do teatro e o mundo moderno, o texto supervaloriza o teatro em seus primórdios, comentando que no mundo moderno o teatro se fechou e não é bem isso que ocorre. Várias correntes artísticas ou até iniciativas particular procuram, atualmente, resgatar princípios teatrais e incentivar a arte, havendo até uma mistura de vários ramos da arte, não podendo dizer, então que há um “fechamento” de algum deles.
E mais ainda, “...transforma seus atores e espectadores em serventes de uma realidade estabelecida (no palco e na vida).” não é um pensamento abrangente, nem todo ator se identifica com o personagem que está representando e essa realidade pode ser frequentemente criticada pelos atores e espectadores, tanto no palco quanto(principalmente) na vida.
http://64.233.169.104/search?q=cache:islNBrwKQlEJ:www.furb.br/especiais/download/939015-30111/Teatro%2520a%2520arte%2520de%2520partilhar.pdf+teatro+como+arte&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=14&gl=br
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