domingo, 28 de outubro de 2007

Commédia Dell´Arte (História das Artes)

Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Artes e Comunicação
Departamento de Comunicação Social
Disciplina: História das Artes (cênicas)
Professor: Micheloto
Aluna: Michelle Elizabeth Silva Martins


Fonte: http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/comedia_dell.htm



Comédia Dell'Arte (Séc. XVI – XVIII)


(A arte apresenta um meio do ser humano entrar em contato com o mundo. Através dela o homem pode expressar alegrias, tristezas, indiferenças, idéias, desejos, sonhos, realidade, isto é, expressar-se. O ser humano é muito diverso e assim também são suas invenções. A arte, portanto, sendo uma criação humana, pode ser apresentada de várias formas: na pintura, na escultura, no teatro, nos desenhos, nos filmes, nas gravuras, entre outras.
O Teatro é um "espaço" que sofreu modificações, assim como todas as outra formas de arte, tendo desde momentos de representações ritualísticas, a momentos de entretenimento e momentos educativos, seja apresentando características da própria época, ou trazendo o espectador para o passado, ou tentando projetar idéias de um futuro.
O Teatro, portanto, era um meio pelo qual o homem tinha de expressar também suas dificuldades na vida: suas perdas, suas decepções, suas preocupações, suas inconformidades, suas alienações).
Forma teatral única no mundo, desenvolveu-se na Itália no século XVI, (dentre diferenças que existiam entre o teatro da côrte e o teatro popular) e difundiu-se em toda Europa nos séculos sucessivos, a Commedia dell’arte contribuiu na construção do teatro moderno.
Teatro espetacular baseado na improvisação e no uso de máscaras e personagens estereotipados, (tem início nas feiras, durante o renascimento comercial, onde se encontravam vendedores com interessantes habilidades apelativas, certamente desenvolvidas pela espontaneidade e o espaço livre das feiras). É um gênero rigorosamente antinaturalista e antiemocionalista, (tinha finalidade a ridicularização, a sátira e os risos dos espectadores).
(O fato de retratar situações ridicularizando-as pode ser visto como positivo ou negativo, depende da situação que está sendo abordada, se é algo que é injusto, cuja injustiça é compartilhada por uma população, por exemplo, a sátira pode servir como uma reflexão. A peça pode vir a ser algo educativo. Porém, dependendo do alvo da sátira, a comédia pode trazer alguns problemas).
(Devido a Itália se encontrar dividida na época, existiam diferenças nos dialetos utilizados no espetáculo para cada região. Além de que, às vezes, conforme o local da peça, criavam-se diferentes personagens de menos importância.)


O Texto

O que mais atrai o olhar contemporâneo nas leituras dos canovacci da commedia dell’arte, é a inconsistência deles no que se refere ao conteúdo. Sendo a comédia um espetáculo ligado fortemente à outros valores como as máscaras, a espetacularidade da recitação, habilidade dos atores, a presença das mulheres na cena, etc..., não tinha necessidade de compor dramaturgias exemplares, novidades de conteúdos ou estilos. O canovaccio devia obedecer a requisitos de outro tipo, todos funcionais ao espetáculo: clareza, partes equivalentes para todos os atores envolvidos, ser engraçado, possibilidade de inserir lazzi, danças e canções, disponibilidade a ser modificado.
(Na verdade, na verdade... a improvisação não era total, isto é, havia sim algo a se seguir. Havia um repertório em que se pensavam alternativas de contornar situações inesperadas. O improviso, portanto, era um tanto previsto. Além de que a história e os personagens serem basicamente repetidos. Os personagens representavam pares de uma círculo amorosa: A ama B, B ama C, C ama D, D ama A. Aí, temos:
zanni - representavam empregados domésticos, valetes ou lacaios
brighela - um jovem aproveitador
Arlequim - ignorante, vadio, preguiçoso
Pulcinella (ou Polichinelo) - um empregado, o mais cruel de todos, sem limites
Doutor Graziano - um velho, era médico ou advogado, estúpido
Pantaleão - negociante de Veneza, um amante patético, às vezes era gozador
Capitão - em alguns momentos se apresentava covarde em situações de conflito
Criada - mais esperta do que cômica )
A técnica de improviso que a commedia adotou não prescindiu de fórmulas que facilitassem ao ator o seu trabalho. Diálogos inteiros existiam, muitos deles impressos, para serem usados nos lugares convenientes de cada comédia. Tais eram as prime uscite (primeiras saídas), os concetti (conceitos), saluti (as saudações), e as maledizioni (as maldições).
Na sua fase áurea, o espetáculo da commedia dell’arte tinha ordinariamente três atos, precedidos de um prólogo e ligados entre si por entreatos de dança, canto ou farsa chamados lazzi ou lacci (laços).
A intriga amorosa, que explorou sem limites, já não era linear e única, como na comédia humanista, mas múltipla e paralela ou em cadeia: A ama B, B ama C, C ama D, que por sua vez ama A, (como já visto acima).

O Encenador

O espetáculo da commedia era construído com rigor, sob a orientação de um concertatore, equivalente do diretor do teatro moderno, e de um certo modo seu inspirador. Aquele, por sua vez, tinha à disposição séries numerosas de scenari, minudendes roteiros de espetáculos, conservados presentemente em montante superior a oitocentos; muitos ainda existem nos arquivos italianos e estrangeiros ser terem sido arrolados.

O Ator

O ator na commedia dell’arte, tinha um papel fundamental cabendo-lhe não só a interpretação do texto, mas também a continua improvisação e inovação do mesmo. Malabarismo canto e outro feitos eram exigidos continuamente ao ator.
O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caracterizava os personagens geralmente de origem popular: os zanni, entre os mais famosos vale a pena citar Arlequim, Pantaleão e Briguela. (Vale ressaltar que o uso de máscaras foi bastante influenciado pela tradição de seu uso nos carnavais e que estas traziam expressões opostas, porém se encontravam em alguns aspectos de caráter).
A enorme fragmentação e a quantidade de dialetos existentes na Itália do século XVI obrigavam o ator a um forte uso da mímica que se tornou um dos mais importantes fatores de atuação no espetáculo.
O ator na commedia dell’arte precisava ter "uma concepção plástica do teatro" exigida em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, da acrobacia, consoante as necessidades, assim como o conhecimento de uma verdadeira gramática plástica, além desses dotes do espírito que facilitam qualquer improvisação falada e que comandam o espetáculo.
A enorme responsabilidade que tinha o ator em desenvolver o seu papel, com o passar do tempo, portou à uma especialização do mesmo, limitando-o a desenvolver uma só personagem e a mantê-la até a morte. (Porém a commedia dell´arte foi uma das primeiras a fazer uma relação na identidade dos personagem com personalidades profissionais da sociedade da época).
A contínua busca de uma linguagem puramente teatral levou o gênero a um distanciamento cada vez maior da realidade.
A commedia foi importante, sobretudo como reação do ator a uma era de acentuado artificialismo literário, para demonstrar que, além do texto dramático, outros fatores são significativos no teatro.

O Teatro

Devido as origens extremamente populares a commedia dell’arte por longo tempo não dispus de espaços próprios para as encenações. Palcos improvisados em praças públicas eram os lugares onde a maioria das vezes ocorria o espetáculo. Só no XVII século e mesmo assim esporadicamente a commedia começou a ter acesso aos teatros que tinham uma estrutura tipicamente renascentista, onde eram representados espetáculos eruditos. Já no século XVIII a enorme popularidade deste tipo de representação forçou a abertura de novos espaços para as companhias teatrais. Em Veneza, por exemplo, existiam sete teatros: dois consagrados à opera séria, dois à opera bufa e três à comédia. (Contudo, antes era apresentado em lugares abertos, ao ar livre).
(Os aspectos positivos neste tipo de Teatro estão em sua técnica de improviso, o que dá realidade ao conteúdo da peça, o uso de diferentes movimentos - além da interpretação do texto, a cantoria, a dança, o que exigia muito do ator. Mas se arte é criação, o improviso, apesar de previsto, enfatizaria este elemento. Além disto, o ator criador exercitava a imaginação e o humor).
(A Commedia Dell´Arte veio de uma origem popular e expandiu passando a ser aceita pela nobreza, até que, desafortunadamente, o estilo desse espetáculo se perdeu nas características, pretendendo agradar tal classe social, mudou a estética da peça e deixou sua espontaneidade).

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